História

O Sufixo “AJ”, de Abel Pinho Maia Sobrinho é um dos mais conhecidos e importantes da Raça Mangalarga, pois representa um criatório de sucesso e, portanto, é sinônimo de qualidade.

 

A História da formação dessa tropa teve inicio em 1960, quando Abel, jovem ainda, mas já um próspero fazendeiro no município de Ibirá – SP, região de São José do Rio Preto, dedicava-se à cafeicultura e também a pecuária de corte na sua Fazenda São Luiz. Abel sempre teve bons cavalos, até porque a sua atividade de pecuarista assim o exigia, mas não criava uma raça específica até então. Nessa época ficou sabendo que o Sr. João Ferraz, um grande fazendeiro de Ibirá, havia comprado um garanhão mangalarga, e logo tratou de conhecê-lo. Gostou tanto que, a partir desse dia, juntamente com José Pinho Maia, seu irmão mais novo, decidiu criar essa raça que tanto o impressionara.


Saiu então visitando os melhores criadores de mangalarga de que tinha notícia, em busca de boas matrizes para dar inicio a sua criação. Começou pela fazenda boa Vista, em Orlândia, do Sr. Roberto Diniz Junqueira, onde adquiriu as éguas Chispa e Batuta, filhas de Whisky e Batida, filha de Palpite. Na fazenda Santa Amélia, do Sr. José Oswaldo Junqueira, comprou as éguas Espada (Pensamento), Selvagem (Abaré), Sabrina (Caboclo) e Fuzarca (Desconto).

No ano de 1963 deu mais um grande passo em sua criação, quando arrendou a “cabeceira” das éguas do criador Floriano Martins. Foram 22 matrizes, filhas de importantes reprodutores da época, como os campeões nacionais Pensamento, Caporal, Sururu, Baluarte e Maxixe e também de Sheik e Legitimo. Na ocasião, o negócio chamou a atenção pelo valor da transação, já que era raro um investimento daquele porte em cavalos. Mais tarde, as éguas Mariana (Pensamento), Franceza Flomar (Legitimo, Desforra Flomar (Baluarte) e fada (Sheik) foram incorporadas definitivamente ao plantel da fazenda São Luiz.

 

Em 1964, em conversa com o Dr. Marchi numa exposição em São José do Rio Preto, técnico que além de orientador tornou-se um grande amigo, Abel manifestou o interesse em adquirir um potro com condições de vir a ser o seu reprodutor. Dr. Marchi sugeriu um que havia visto há pouco tempo na fazenda Santa Amélia. e que o agradara bastante. Abel não hesitou, foi a São José do Rio Pardo, viu o potro que estava com 22 meses, gostou e o adquiriu do Sr. José Oswaldo. Tratava-se de Urucum J.O. e Baeta J.O. que atendendo as expectativas, tornou-se um importante reprodutor e teve influência decisiva na formação do plantel da fazenda São Luiz.

Poucos meses depois, Abel voltou à fazenda Santa Amélia e adquiriu mais quatro importantes éguas: Batucada J.O. (Mandu), Flâmula J.O. (Ibaté), Baeta J.O. (Caboclo) e Alteza (Fogo), reforçando ainda mais o seu lote de matrizes.

Do Sr. José Maria Meirelles, de Pirajuí, Abel adquiriu Tucaia (Sheik x Garrucha) e Caxambu (Sheik x Bolinha), ambos de criação do Sr. Orlando Prado Diniz Junqueira, de quem o Sr. José Maria havia comprado na desmama havia pouco tempo.Mais uma vez o negócio envolveu alta soma e causou muitos comentários. Conta Abel que o Sr. José Maria demorou mais de uma semana para descontar o cheque, pois preferia levá-lo no bolso para exibi-lo toda vez que contava o valor da venda. Caxambu tornou-se um importante reprodutor e também contribuiu bastante para a tropa da fazenda São Luiz, onde produziu bons animais, como Gironda AJ, por exemplo.

Com uma base tão consistente, com éguas de altíssimo nível zootécnico e grande potencial genético, somadas à dedicação dos irmãos Abel e José, os resultados foram naturalmente aparecendo.

 

Em 1967, a primeira grande alegria, Urucum J.O. e Batucada sagraram-se campeões de São Paulo, o equivalente hoje ao título de Campeões Nacionais. Dois campeões de um mesmo proprietário numa exposição, e daquela importância, foi um fato inédito.

Quando Abel filiou-se à Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, em novembro de 1961, recebendo o título número 454, ainda não existia a obrigatoriedade da utilização de afixos nos nomes dos animais. Mais tarde começou a utilizar o sufixo “de Ibira”, em homenagem a sua cidade e somente em 1970 passou usar “AJ” – Junção das iniciais de Abel e José – para identificar os animais de sua criação. O sufixo “de Ibirá” é usado hoje pelo filho de Abel, Marco Antônio Pinho Maia.

Sempre em busca de evolução em seu plantel, Abel usou também outros importantes garanhões em suas éguas, como Paladino (Sheik x Sapucaia), de propriedade do criador baiano Tourinho de Abreu, permutado com o Urucum pelo prazo de um período de monta. Paladino produziu ótimos animais, inclusive o Garanhão Morumbi AJ, que foi vendido para o Governo do Estado da Bahia e muito contribuiu para a tropa da Fazenda Mocó, de propriedade daquele Governo e chefiada pelo saudoso técnico Francisco Moreira Teixeira, o “Teixeirinha”. Do criador Roberto Diniz Junqueira usou Feitiço (Whisky x Geléia), reprodutor que deu outro grande impulso na sua criação. Abel usou Feitiço em duas temporadas, na primeira produziu, entre outros, Orquestra AJ (por Batucada J.O.), Orquídea AJ (por Flâmula J.O.) e Orçamento AJ (por Gironda AJ). Mais foi na segunda temporada que Feitiço produziu aquele que seguramente  proporcionou, até então, a maior alegria para Abel e José na criação de Mangalarga, o Grande Campeão Nacional de 1983, Reinado AJ (por Japona AJ). Reinado vinha também se destacando na produção quando , infelizmente, morreu prematuramente. Reinado fez falta não somente para o plantel da Fazenda São Luiz mas também para a raça Mangalarga porque, além de bom reprodutor, representava uma ótima opção de sangue.

Mas Abel não desanimou, pois um potrinho já vinha se destacando na sua criação e prometia ser um substituto para o Reinado. Tratava-se do Zagueiro AJ, um filho de Turbante J.O. e Orquídea AJ que, de fato, foi muito premiado em exposições e também se mostrou um bom reprodutor. Zagueiro morreu com aproximadamente nove anos e produziu ótimas matrizes, tanto para Abel quanto para José, que agora passara a criar em sua Fazenda Reunidas, também no município de Ibirá, adotando para a sua criação o sufixo “JJJ”.

 

Em 1993, as porteiras da fazenda São luiz foram abertas para receber os Mangalarguistas para um leilão onde 42 Animais da linhagem AJ foram ofertados. Foi,  antes de tudo, uma grande confraternização já que criadores de todas as regiões do País estiveram presentes. Como se tratou de uma oportunidade rara, os lotes foram muito disputados e o leilão alcançou uma das melhores médias entre os leilões realizados naquele ano.

 

Sem garanhão próprio, Abel partiu então em busca de novas opções de reprodutores para suas éguas, quando usou Ouro F.S.I, DL Uruguai da Alvorada e Malaneu OJC. Obteve bons produtos e, principalmente, conseguiu o que mais queria, ou seja, um potro que tivesse as qualidades que lhe conferissem a possibilidade de vir a ser um garanhão a altura das suas matrizes. Um filho de melaneu OJC (Icaro OJCx Baucide OJC) com Araponga AJJ (Zagueiro AJ x Quadrilha AJ) chamou-lhe a atenção desde potrinho, principalmente pela sua garupa potente, dorso-lombo curto, ótima estrutura óssea de membros e uma cabeça muito bonita. E mais uma vez as suas expectativas foram confirmadas, Sabiá AJ manteve as características morfológicas e também apresentou uma dinâmica extraordinária. Sabiá AJ tornou-se reprodutor da fazenda São Luiz, visto que os seus primeiros produtos já nasceram e muito agradam o olho crítico do seu criador.